Metodologia BIM aplicada a projetos hospitalares
Benefícios do gerenciamento de projetos com foco em conformidade e eficiência
Autoria: Equipe Técnica Perillo Engenharia

Introdução
Projetos hospitalares apresentam desafios únicos e exigem alto grau de precisão e coordenação. Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) envolvem uma complexidade técnica significativa, combinando requisitos rigorosos de ambiência, circulação, biossegurança, controle sanitário e conforto do paciente. 
 
Além disso, devem seguir normas específicas como a ABNT NBR 7256:2021 (Tratamento do Ar em EAS), ABNT NBR 12188:2020 (Gases Medicinais) e a NBR 13.534:2008 (Instalações Elétricas em EAS), o que demanda uma abordagem multidisciplinar e altamente integrada.
Nesse contexto, a Metodologia BIM (Building Information Modeling) tem se consolidado como uma aliada estratégica para o desenvolvimento de projetos hospitalares, agregando valor desde as fases iniciais de concepção até a operação do edifício. 
Mais do que uma simples modelagem tridimensional, o BIM representa uma metodologia colaborativa e orientada por dados, que permite a integração entre arquitetos, engenheiros, projetistas, gestores e operadores em um ambiente com informações centralizadas e atualizadas.

 
Autoria imagem: BIBLUS, 2018
Vantagens do BIM:
Nos projetos hospitalares, o uso do BIM é especialmente relevante por permitir:
- Integração eficiente entre as diversas disciplinas envolvidas;
 - Planejamento preciso das instalações técnicas como gases medicinais, elétrica, climatização e TI;
 - Cumprimento rigoroso das normas técnicas específicas;
 - Redução de interferências e retrabalhos;
 - Otimização do tempo e dos custos de obra;
 - Maior previsibilidade e controle ao longo do ciclo de vida da edificação.
 
De acordo com relatórios internacionais e experiências aplicadas em hospitais públicos e privados, os principais benefícios da aplicação do BIM no setor da saúde incluem:
- Redução de até 10% nos custos de construção;
 - Diminuição de até 31% no retrabalho, pela detecção antecipada de interferências entre disciplinas (clash detection);
 - Economia de 20% a 30% na fase de operação, graças à modelagem dos sistemas prediais e sua integração com planos de manutenção.
 
No Brasil, o incentivo à adoção do BIM ganhou força com o lançamento da Estratégia BIM BR, instituída pelo Decreto nº 9.983, de 22 de agosto de 2019. Esse decreto estabeleceu diretrizes para a disseminação do BIM no país e definiu metas progressivas para sua implementação em obras públicas, com o objetivo de aumentar a eficiência, a transparência e a qualidade dos empreendimentos da construção civil.
 
Diante da complexidade e das exigências dos projetos hospitalares, a aplicação do BIM se apresenta não apenas como uma inovação tecnológica, mas como uma necessidade para garantir a qualidade, a segurança e a sustentabilidade desses ambientes críticos.
 
Os modelos digitais permitem embutir verificações automáticas com base em requisitos de:
- RDC 50/2002 – ANVISA: orientações para fluxos funcionais, áreas mínimas e dimensionamentos;
 - NBR 13.534:2008: diretrizes para o projeto físico de estabelecimentos assistenciais de saúde;
 - NBR 9050/2020: acessibilidade em edificações;
 - Normas de biossegurança da Anvisa e exigências do CFM para UTIs, centros cirúrgicos e áreas críticas.
 
Com o uso da metodologia BIM, é possível realizar checagens de conformidade automática diretamente no modelo 3D, reduzindo riscos regulatórios e garantindo eficiência nas informações técnicas no modelo.
 

 
Modelo 3D completo: Modelo apresentado na Feira Hospitalar pela Perillo Engenharia
Fases do projeto hospitalar com BIM
- Planejamento
Estudos preliminares com análise de layout, fluxos e simulação de ocupação com base nas diretrizes da RDC 50.
 - Projeto Executivo
Modelagem detalhada e compatibilização entre disciplinas técnicas (arquitetura, estrutura, instalações e equipamentos).
 - Execução da Obra
Simulação 4D do cronograma e controle orçamentário 5D, com rastreabilidade das alterações de projeto.
 - Operação e Manutenção
Criação do modelo as-built digital para gestão do ciclo de vida da edificação hospitalar, integrado a IOT’s (internet das coisas – sensores remotos) de modo a se tornar um Gêmeo Digital. 
 
Modelo 6D: Modelo 3D integrado com sensores remotos para acompanhamento de Operação e manutenção de ambientes.
As principais diferenças da forma em que se trabalha com a documentação em 2D e em BIM são: 
 
| 
			 Critério  | 
			
			 Projetos em CAD (Convencional)  | 
			
			 Projetos em BIM (Modelagem da Informação)  | 
		
| 
			 Representação  | 
			
			 2D não paramétrica - Individualizada  | 
			
			 3D com dados integrados  | 
		
| 
			 Integração entre disciplinas  | 
			
			 Baixa  | 
			
			 Alta  | 
		
| 
			 Compatibilização  | 
			
			 Manual, sujeita a erros  | 
			
			 Automática, com clash detection  | 
		
| 
			 Visualização tridimensional  | 
			
			 Limitada  | 
			
			 Completa e imersiva  | 
		
| 
			 Tempo de compatibilização  | 
			
			 Alto  | 
			
			 Reduzido significativamente  | 
		
| 
			 Estimativa de custos  | 
			
			 Aproximada, baseada em planilhas e estimativas variação de erro de 40% a 10%  | 
			
			 Precisa e integrada ao modelo (5D) - Variação de 10% - 5%  | 
		
| 
			 Conformidade com normas  | 
			
			 Requer conferência manual  | 
			
			 Aderência digital com validações automáticas  | 
		
| 
			 Gestão da operação  | 
			
			 Documentação fragmentada, dificuldade de operacionalização por versões de documentações criados de forma fragmentada.  | 
			
			 Modelo digital com base para manutenção preventiva, documentação colaborativa simultânea.  | 
		
| 
			 Colaboração  | 
			
			 Fragmentada entre disciplinas, manual.  | 
			
			 Centralizada em CDE (Common Data Environment), sincronizada.  | 
		
| 
			 Custos com retrabalho  | 
			
			 Elevado  | 
			
			 Reduzido  | 
		
| 
			 Apoio à manutenção pós-obra  | 
			
			 Quase inexistente  | 
			
			 Integrado (Digital Twin, FM)  | 
		
Alinhamento com normas e regulamentações
A conformidade com normas técnicas é um dos pilares fundamentais no desenvolvimento de projetos hospitalares, considerando o impacto direto na segurança, funcionalidade e na qualidade da assistência prestada. 
 
O uso da metodologia BIM oferece recursos que facilitam o atendimento rigoroso às exigências legais e normativas que regem os Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS), promovendo maior controle e previsibilidade.
 
Por meio de ambientes de modelagem orientados por regras (rule-based design), é possível configurar verificações automáticas para validação de critérios como:
 
- Acessibilidade universal, conforme a ABNT NBR 9050;
 - Segurança das instalações elétricas, segundo a ABNT NBR 13.534;
 - Fluxos funcionais e controle de infecção, conforme a RDC 50/2002 da ANVISA.
 
Além disso, o ambiente BIM permite a realização de simulações relacionadas à ventilação e renovação do ar, à circulação de pacientes, profissionais e visitantes, e às rotas de evacuação em situações de emergência - elementos críticos para o desempenho seguro de unidades de saúde.
Outra vantagem relevante é a geração automatizada de relatórios técnicos e gráficos diretamente do modelo 3D, os quais podem ser utilizados para análise técnica e para submissão junto a órgãos fiscalizadores, como Vigilância Sanitária, Corpo de Bombeiros e conselhos profissionais. Isso reduz o tempo de aprovação e aumenta a rastreabilidade das decisões de projeto.
Aplicação da metodologia BIM em hospitais já construídos
Mesmo em empreendimentos hospitalares já concluídos e em operação, a metodologia BIM pode ser aplicada com grande eficácia. 
Por meio do processo de retrofitting digital, é possível realizar o levantamento da edificação existente com tecnologias como o laser scanning (escaneamento a laser), fotogrametria, convertendo essas informações em modelos tridimensionais precisos — os chamados as-built digitais.
Esses modelos permitem a criação de visitas virtuais realistas aos ambientes hospitalares, facilitando desde treinamentos operacionais até o planejamento de reformas e ampliações, com base em dados confiáveis.
Além da visualização, o modelo BIM pode ser enriquecido com informações técnicas de manutenção, códigos de barras, QR codes para acesso a manuais de equipamentos, e dados de desempenho de sistemas como ar-condicionado, gases medicinais, hidráulica e elétrica. Isso transforma o modelo 3D em um Digital Twin — um gêmeo digital que representa a realidade física do hospital em tempo real.
Entre os principais benefícios da aplicação do BIM em hospitais existentes, destacam-se:
 
- Facilidade na gestão de manutenção preventiva e corretiva;
 - Melhoria da comunicação entre equipes de operação e engenharia clínica;
 - Identificação rápida de pontos críticos em sistemas prediais;
 - Planejamento eficiente de obras de retrofit e ampliação, com simulações de impacto operacional.
 
Assim, mesmo após a construção, o BIM continua sendo uma ferramenta estratégica para aumentar a eficiência operacional, garantir a segurança e prolongar a vida útil dos ativos hospitalares, contribuindo diretamente para a sustentabilidade da infraestrutura da saúde.
Como exemplo, segue abaixo QRCode para passeio virtual da nossa Sede onde é possível tirar medidas e acrescentar informações. Leia o QR Code e nos faça uma visita:

 
QR Code Tour Virtual - Sede Perillo
Conclusão
A aplicação da metodologia BIM em projetos hospitalares representa um avanço significativo na forma de conceber, projetar, executar e operar ambientes assistenciais de saúde. Ao promover integração multidisciplinar, maior previsibilidade e aderência normativa desde as fases iniciais, o BIM se consolida como um pilar estratégico para a qualidade assistencial.
 
Mais do que uma modernização de processos, o BIM transforma os modelos em fontes dinâmicas de dados, viabilizando decisões mais assertivas, redução de riscos e controle preciso sobre cada etapa do ciclo de vida da edificação. Seus benefícios se estendem da concepção à operação, promovendo uma gestão patrimonial mais eficiente, sustentável e segura.
 
Mesmo após a conclusão da obra, o BIM continua gerando valor ao possibilitar a criação de modelos digitais atualizados (as-built), integrados a tecnologias como escaneamento a laser, sensores IoT e sistemas de manutenção, formando o chamado Gêmeo Digital.
 
Essa abordagem transforma o projeto em um ativo digital estratégico, que apoia desde a manutenção preventiva até o planejamento de reformas e ampliações com base em dados confiáveis e acessíveis.
 
Na Perillo Engenharia, acreditamos que o BIM é mais do que uma tendência, é uma transformação fundamental para o setor da saúde. Convidamos você a entrar em contato conosco para conhecer soluções personalizadas e entender como a aplicação da metodologia BIM pode tornar seus empreendimentos hospitalares mais eficientes, seguros e preparados para os desafios do presente e do futuro.

Autoria: Israel Jefferson Marinho Freitas - BIM Mananger Perillo Engenharia
https://www.perillo.com.br
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Ressalva ABDEH: As informações são de responsabilidade do autor, e a Comissão Técnico-Científica da ABDEH não se responsabiliza por elas.
							