A Complexidade dos Edifícios Hospitalares e a Importância da Conformidade Técnica em Projetos Elétri
Os edifícios hospitalares apresentam um alto nível de complexidade. Projetar, construir e operar essas estruturas exige assumir grandes responsabilidades e adquirir conhecimentos técnicos detalhados e específicos.
Para os profissionais que atuam na área de infraestrutura hospitalar, é imprescindível o pleno domínio das normas que regulam cada etapa do processo – desde a concepção do projeto arquitetônico até a construção e a operação no dia a dia.
Além disso, a integração entre os diversos profissionais envolvidos, como arquitetos, técnicos, engenheiros, enfermeiros e médicos, é essencial para garantir que os projetos arquitetônicos estejam alinhados com os planos de manutenção e as práticas operacionais dentro dos hospitais. Quando combinamos o conhecimento profundo das normas e a colaboração eficaz entre esses profissionais, é possível evitar tragédias relacionadas às instalações hospitalares.
Nos últimos anos, o número de incidentes graves, como incêndios em hospitais, aumentou significativamente. Esses eventos, muitas vezes, resultam em perdas irreparáveis, com pacientes falecendo por inalação de fumaça tóxica ou pela interrupção de procedimentos vitais. Incêndios representam algumas das consequências mais devastadoras de uma instalação elétrica mal planejada, mal executada e sem manutenção adequada.
No entanto, é importante destacar que vidas humanas também podem ser perdidas devido a falhas elétricas mais simples, mas que, com medidas preventivas, são completamente evitáveis. Para garantir a segurança elétrica em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS), é indispensável a aplicação da Norma ABNT NBR 13.534:2008.
Essa norma, de caráter obrigatório, orienta sobre as boas práticas na concepção e manutenção de instalações elétricas em hospitais, além de estabelecer responsabilidades técnicas e legais para os profissionais envolvidos.
O não cumprimento dessas normas pode resultar em consequências graves, tanto do ponto de vista civil quanto criminal, especialmente se a negligência ocasionar danos ou a perda de vidas humanas. Portanto, é dever de todos os profissionais que atuam na infraestrutura hospitalar zelar pela conformidade técnica e pela segurança das instalações, contribuindo para a proteção dos pacientes e para a eficiência operacional das unidades de saúde.
A seguir, abordaremos brevemente alguns dos conceitos mais relevantes da norma, essenciais para a segurança elétrica em EAS.
Equipamento Eletromédico
O primeiro conceito importante é o de equipamento eletromédico. Trata-se de qualquer equipamento elétrico que possa ser conectado a uma fonte de alimentação e que tenha alguma parte destinada ao contato direto com o paciente, seja para monitoramento, diagnóstico ou tratamento.
Classificação dos Ambientes em Grupos
Os ambientes dentro dos EAS são classificados em três grupos: 0, 1 e 2. Essa classificação está diretamente relacionada ao grau de criticidade dos riscos elétricos decorrentes da infraestrutura, como as correntes de fuga, que podem causar choques elétricos. Quanto maior a numeração do grupo, maior o risco associado.
- Grupo 0: Inclui locais médicos onde não há contato de equipamentos eletromédicos com o paciente, como consultórios médicos e áreas de triagem.
- Grupo 1: Abrange ambientes como quartos de internação e salas de hemodiálise, onde há contato de equipamentos eletromédicos com o paciente. Nesses locais, é obrigatório o uso de dispositivos de proteção diferencial residual (DR) para prevenir choques elétricos. O DR desliga os equipamentos automaticamente em caso de falha elétrica, garantindo a segurança.
- Grupo 2: Compreende locais críticos, como salas de cirurgia e Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), onde os equipamentos eletromédicos são utilizados em procedimentos vitais. Nessas áreas, a segurança elétrica não pode depender do desligamento de dispositivos, pois a interrupção no funcionamento dos equipamentos pode colocar vidas em risco. Por essa razão, a norma exige a adoção do esquema de aterramento IT, que mantém o fornecimento de energia mesmo em caso de falhas, garantindo segurança e continuidade.
Sistema IT Médico
Para implementar o esquema IT, é necessário prever um Sistema IT Médico no projeto. Esse sistema requer atenção em diferentes etapas:
- Arquitetos: Devem garantir espaço adequado no projeto para o Sistema IT.
- Projetistas Elétricos: Precisam calcular corretamente as cargas elétricas de cada ambiente médico para dimensionar o sistema com precisão.
- Engenheiros e Técnicos: Devem conhecer o funcionamento do Sistema IT Médico para operá-lo de maneira eficiente e segura.
Os Estabelecimentos Assistenciais de Saúde são ambientes multidisciplinares, onde os bens mais preciosos – a saúde e a vida – dependem de uma infraestrutura bem planejada e mantida. Com os avanços tecnológicos, a dependência da eletricidade se tornou ainda mais evidente. Contudo, quando a eletricidade não é tratada de forma adequada, ela pode deixar de ser uma aliada e se tornar uma ameaça, resultando em eventos adversos e retrocessos.
Por isso, é indispensável que todos os profissionais envolvidos na infraestrutura hospitalar compreendam e apliquem os conceitos e exigências das normas técnicas, garantindo segurança e eficiência nos cuidados de saúde.
Ressalva ABDEH: as informações são de responsabilidade do autor e a Comissão Técnico-científica da ABDEH não se responsabiliza por elas.
Autoria: Equipe Técnica RDI BENDER
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